sábado, 19 de setembro de 2009

Dragão Alado, O Poema


"Espera dragão alado
Quero acompanhar-te no teu pesado voo

Trepar em ti e enlaçar-te

Para juntos sobrevoarmos numa despedida

Um mundo de insanos e desvirtude

De perfídia e cinismos

De fraquezas, amaritude e cobardias

De dissidências funestas

E festins de mentiras

Leva-me dragão alado!

Para onde os animais falam

Para onde as árvores florescem em esplendor

Para mares de placabilidade e quentura

Porque os humanos desarvoraram

Não sabem quem são!

Nem porque permanecem aqui

Escravos de máquinas diabólicas e vícios

De mentes feridas e embustices

De temores inventados

Trapos dançantes sobre intrujices

De rostos pintados de uma morte anunciada

Palhaços incógnitos

Frangalhos ondulantes que estendem a mão

Sapatos de cristal em alpondras vermelhas

Que se estilhaçam em integral desproporção


Leva-me dragão alado!
Para longe da mercancia de carne humanal

De políticos algozes de egos alterados

De mercado de acções que escravizam maiorias

Do desrespeito gritante por quem tem fome

Na balbúrdia de ostentação

Adoração de luzes, flashes e indumentárias

Feitas de arquétipos cinematográficos

Em cenários que aluem

Em cavidades de esqueletos fétidos


Leva-me dragão alado!

Porque há muito tempo que não pertenço aqui!"


(Paula, 18/10/2008)

4 comentários: