Seres ocultos, Seres mágicos

O ocultismo e a magia sempre foram áreas atribuídas aos dragões, nesse sentido, eles são conhecidos como seres ocultos e mágicos e, por associação, também considerados obscuros, do mal - como forma de depreciá-los e submetê-los a superioridade divina (católica). Mas, também sabemos, segundo o imaginário dragônico que os dragões são capazes de uma grande sabedoria e dotados de dons mágicos.

Para os alquimistas, os dragões eram seres dotados de dons mágicos, representando seres divinos, superiores. Suas dimensões mágicas, os credenciam para que eles possam realizar encantos e magias a partir do domínio dos 4 elementos naturais: terra, fogo, água e ar. Nesse sentido, dominando os 4 elementos, os dragões foram agrupados de acordo com eles, tendo capacidades específicas e peculiaridades próprias que os distinguiam entre si.

ELEMENTO AR, correspondente ao Dragão do AR ou ALADO

O dragão do ar ou alado é representado pelo "mercúrio dos sábios". Sua característica está voltado para o estado volátil, flexível, onde os seus pontos fortes estão na sua força, inteligência, agilidade de pensamento, liberdade, psique desenvolvida e elevação espiritual. Cores simbólicas: Amarelos e dourados.

Tais dragões possuem asas potentes e longelíneas e se destacam pelo seu corpo delgado e cumprido e a sua pele é coberta com uma escama bem fina, habitando nuvens e brisas. Também apresentam um comportamento brando, gentil e tolerante. São responsáveis pela Pedra do Leste e regem o intelecto, as finanças e a comunicação.

Efeito colateral: Quando irados, provocam desastres climáticos (tempestades, furações, ciclones, dentre outros).

ELEMENTO FOGO, correspondente ao Dragão do FOGO ou ÍGNEA

O dragão do fogo ou ígnea, vulgarmente conhecido como "cuspidor de fogo" é representado pelo "enxofre dos sábios". Sua característica está voltada para a calcinação¹, o uso da sua força radiante e da energia de autocombustão que cria e destrói. Simbolicamente, a sua injeção de labareda está associada a sua intuição e vontade espiritual. É um ser bastante espiritualizado. Cores simbólicas: Vermelhos e cores quentes.

Tais dragões apresentam olhares expressivos e severos, corpos fortes e robustos, asas largar, chifres e dentes afiados e uma calda longa e fina. Também apresentam um comportamento feroz e inconstante, habitando vulcões e relâmpagos. São responsáveis pela Pedra do Sul, em resguardar a fogueira central (função principal da Dragonesa) e regem paixões avassaladoras.

ELEMENTO ÁGUA, correspondente ao Dragão da ÁGUA ou AQUÁTICO

O dragão da água ou aquático é representado pelo "sal harmônico". Sua característica está voltada a sua força fluente e a dissolução da matéria. Este dragão apresenta emoções superiores, baseada na alma, onde o seu inconsciente individual é usado como força de conhecimento. Cores Simbólicas: Azuis e verdes azulados.

Tais dragões são semelhantes as serpentes, não possuem asas, mas um corpo cumprido e coberto de barbatanas e escamas que ajudam na sua locomoção dentro d'água, habitando mares, lagos, rios e outros meios aquosos. Eles apresentam um comportamento oscilante, ora é capaz de provocar naufrágios às embarcações e ora de salvá-las. É responsável pela Pedra do Oeste.

ELEMENTO TERRA, corresponde ao Dragão da TERRA ou TERRESTRE

O dragão da terra ou terrestre é representado pelo "chumbo dos sábios" ou "negrume"². Sua característica está voltada para a força de coesão, a matéria e o corpo físico do alquimísta, elementos essencialmente da terra. Cores simbólicas: Marrons e suas variações.

Tais dragões não possuem asas e se destacam pelo seu porte forte e robusto, habitando em cavernas e os barrancos. Também apresentam um comportamento irritado e mau humorado e são responsáveis em proteger os recursos minerais, camuflando-se para afugentar todos aqueles que tentam se aproximar do "sangue de dragão", a planta dracena draco, e simbolizam a Pedra do Norte.

Nesse sentido, todos os tipos de dragões são seres alquimistas por excelência, podendo ser classificados também como "luciféricos". Segundo Rudolf Steiner, baseado na "Antroposofia"³ ou Ciência Espiritual, o dragão é a representação das forças mundanas, que está vinculada à matéria, opondo-se ao divino. Esses seres luciféricos podem ser pensados da seguinte maneira:

"Esta força interna é a consciência que devemos buscar em
nosso cotidiano para dominar os dragões que nos rodeiam:
a vaidade, o egoísmo, o medo, a ganância, o orgulho,
a concorrência, a corrupção, o consumismo e outros tantos.

Os dragões são tudo aquilo que nos prendem ao mundo material,
levando a uma preocupação exagerada e fazendo com que
esqueçamos da nossa essência, do nosso “Eu interior”.

Como Micael (São Miguel Arcanjo), não devemos matar o dragão,
mas enfrentá-lo com controle e equilíbrio (da inteligência e do coração)
e assim dominar as forças do mal que ele representa."

(Eliane Azevedo - Lemnis)

Se seus poderes mágicos são reais e natos ou abstratamente atribuídos, não importa, o que realmente importa é saber que no imaginário coletivo percebe o dragão como um ser oculto, mágico e alquímico.

Existe uma vertente de estudiosos que preferem intitular os dragões como seres elementares, como sendo manifestações "de uma força presente em tudo que existe", expressos pela sua própria força, a dragoniana, baseados em seus 4 elementos essenciais (tratados acima) e mais 2: a ordem e o caos. Nesse sentido, os "Dragões de Avalon" acreditam que:

"Nós não acreditamos em dragões voando pelos céus das cidades
ou aparecendo para pessoas na rua, tampouco as descrições que
aqui fornecemos refletem dados de natureza física. São expressões do
contato e experiência entre nós e essas forças e suas descrições são de
natureza simbólica/metafórica. A forma como as apresentamos diz
respeito à natureza e conceitos de nossa própria tradição."

(D.A., Dragões Elementares)

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1. Calcinação - é o processo onde oxida-se as substâncias presentes em uma dada amostra à forma de óxidos usando calor. (Wikipédia)

2. O negrume é o ponto mais escuro de um local. (Dicionário Informal)

3. Para Rudolf Steiner, princiapal expoente, a Antroposofia ou Ciência Espiritual apresenta como um caminho para se colocar em busca da verdade que preenche o abismo historicamente criado desde a escolástica entre fé e ciência. Nesse sentido, a realidade surge no encontro dos mundos da idéia e da percepção. (Wikipédia)