quarta-feira, 8 de julho de 2009

TIAMET, A Deusa-Mãe dos Dragões


No universo dragônico, Tiamat é a Deusa-Mãe dos dragões, a divindade feminina responsável pela criação de tudo que existe e a detentora dos elementos da natureza. Tal divindade é bastante exaltada na cultura babilônica e sumérica, onde Tiamat é personificada na figura de serpentes do mar ou de dragões.

Para o Enuma Elish, o poema épico babilônico que aborda o mito da criação do mundo, baseado nas 7 tábuas de argila, datadas por volta do século XII a.C., descrevem Tiamat fisicamente como uma serpente marinha, tendo "uma cauda longa, coxas, "partes baixas", abdômen, tórax, pescoço e cabeça, olhos, narinas, boca e lábios. E por dentro coração, artérias e sangue", como também, a expressão da obscuridade e do caos.

Através da 7 tábuas, o Enuma Elish retrata a saga de Tiamat, iniciada quando se estabelece o caos marinho, sendo o marco para a sua batalha contra Marduk, o "Rei dos Deuses", derrotando-a até a morte e simbolizando a eterna luta entre o bem e o mal, entre a ordem e o caos, entre a luz e as trevas. Mitologicamente, as tábuas revelam o seguinte:


Tábua I


Os vários deuses representam aspectos do mundo físico. Apsu é o Deus da água doce e Tiamat, sua esposa, é a Deusa do mar e, consequentemente, do caos e da ameaça. A partir deles, vários deuses são criados. Estes novos deuses são demasiado tumultuosos e Apsu decide matá-los. Ea descobre o plano, antecipa-se e mata Apsu. Posteriormente, Damkina, esposa de Ea, dá à luz Marduk. Entretanto, Tiamat, enraivecida pelo assassínio de seu marido jura vingança e cria onze monstros para executar a sua vingança. Tiamat casa com Kingu e coloca-o à frente do seu novo exército.

Texto inicial:

"Quando no alto não se nomeava o céu,
e em baixo a terra não tinha nome,
do oceano primordial (Apsu), seu pai;
e da tumultuosa Tiamat, a mãe de todos,
as águas se fundiam numa,
e os campos não estavam unidos uns com os outros,
nem se viam os canaviais;
quando nenhum dos deuses tinha aparecido,
nem eram chamados pelo seu nome,
nem tinham qualquer destino fixo,
foram criados os deuses no seio das águas."

(Wikipedia)



Tábua II

As forças que Tiamat reuniu preparam-se para a vingança. Entretanto Ea descobre o seu plano e confronta-a. Numa zona danificada da tábua é aparente a derrota de Ea. Anu desafia-a, mas tem o mesmo destino. Os deuses começam a temer que ninguém será capaz de deter Tiamat.


Tábua III

Gaga, ministro de Anshar, é encarregado de vigiar as actividades de Tiamat e de os informar da vontade de Marduk de a enfrentar.


Tábua IV

O conselho dos deuses testa os poderes de Marduk. Depois de passar o teste, o conselho entregue o trono a Marduk e encarrega-o de lutar com Tiamat. Com a autoridade do conselho, reune as suas armas, os quatro ventos e ainda os sete ventos da destruição, e segue para o confronto. Depois de prender Tiamat numa rede, liberta o Vento do Mal contra ela. Incapacitada, Marduk mata-a com uma seta no coração, capturando os deuses e monstros seus aliados. Marduk divide o corpo de Tiamat, usando metade para criar a terra e a outra metade para criar o céu.


Tábua V

Marduk cria residências para os outros deuses. À medida que estes vão ocupando o seu lugar vão sendo criados os dias, meses e estações do ano. As fases da Lua determinam o ciclo dos meses. Da saliva de Tiamat, Marduk cria a chuva. A cidade da Babilónia é criada sobre a protecção do Rei Marduk.


Tábua VI

Marduk decide criar os seres humanos mas precisa de sangue para os criar, mas apenas um dos deuses poderá morrer, o culpado de lançar o mal sobre os deuses. Marduk consulta o conselho e descobre que quem incitou a revolta de Tiamat foi o seu marido, Kingu. Ea mata Kingu e usa o seu sangue para criar o Homem, de forma a que este sirva de criado dos deuses. Em honra a Marduk, os deuses constroem-lhe uma casa na Babilónia, havendo um grande festim para os deuses quando terminada.


Tábua VII

Continuação do louvor a Marduk como chefe da Babilónia e pelo seu papel na criação. Instruções às pessoas para estas relembrarem os feitos de Marduk.


Etimologicamente, os semitas buscam explicar a associação de Tiamat a serpente marinha através do mito de "Astarte e o Tributo do Mar" que menciona que "Ta-yam-t" supostamente seria uma referência à "Ta -Tan-Yam", a serpente marinha. Se tal etimologia estiver correta irá explicar a conexão entre Tiamat e Lotan (Lo-tan, Leviathan - o demônio).



Para Rosane Volpatto, a derrota de Tiamat representa a superioridade do deus pai sobre a deusa mãe, superando a única fonte de vida e criando a base para três regiões posteriores: o judaísmo, o cristianismo e o islamismo. Ela destaca a supremacia do "fazer" em relação ao "ser", em favor da importância da Mãe:


"O deus é então o único criador principal, quando antes era a deusa
quem havia sido a única fonte de vida. Porém o deus, se converte em
fazedor do céu e a terra, enquanto que a deusa era o céu e a terra.
O conceito de "fazer" difere radicalmente do de "ser", no sentido
de que o que se faz e quem o faz não compartilham necessariamente
da mesma substância, pode conceber-se o que se faz ser inferior
a quem o faz. No entanto, o que emerge da Mãe é necessariamente
parte dela, como ela também é parte do que emerge dela."

(Rosane Volpatto)


Nesse sentido, a relação estabeleciada antes como "o criador e a criatura", baseada na identidade essencial, se transformou em dual, dialética. Mas também, pode-se perceber que: À medida que o deus, figura masculina, vence a deusa, figura feminina, instaura-se a questão de gênero, sobretudo o machismo que prega a superioridade do homem sob a mulher. Um (pré)conceito que se torna incutido no imaginário social a partir da morte da Deusa-Mãe Tiamat.

5 comentários:

  1. Olá, Dan, achei o máximo este site, gostaria de mais informções sobre a Dragon Magick. Se possível me envie material e trocamos idéias... pelo jeito vc ta bastante aprimorado nas suas pesquisas...
    bjsss
    Mésmera Regina

    ResponderExcluir
  2. Então, caríssima Mésmera Regina, todo o material que eu tenho acesso através de leituras está disposto neste blog. Agora, para trocarmos idéias, precisamos de um ponto de partida, que tal trocarmos e-mail, não é mesmo?!!! Deixe-o aqui que eu entro em contato com você.

    Atenciosamente, Dan.

    ResponderExcluir
  3. mais pratica e completa história da mitologia babilonica . é impressionante como as outras mitologias parencem um plagio bem elaborado deste texto tendo em vista que segundo a hostória a suméria é considerada nada mais nada a menos que o berço da nossa civilisação .

    ResponderExcluir
  4. Shamash, concordo com você na similaridade das mitologias, mas, não se esqueça, embora as culturas sejam diferenciadas, algumas vivências humanas continuam as mesmas - vai mundo do imaginário popular, olha que na antiguidade as histórias eram compartilhadas de boca a boca, num processo lento e gradual, algo bem contrário de hoje, graças a globalização, o progresso científico e tecnológico e a agilidade das mídias, ao exemplo da Internet.

    O fato é: No universo mitológico, sempre há um ponto de partida a ser iniciado, incrementado, como se fosse um "telefone sem fio" digamos assim.

    Mas, que graça teria se não houvesse interpretações diferentes de uma mesma história, né?!!!

    ResponderExcluir
  5. Legal vc entende de dragoes, vc deve ter uma ligação muito grando com algum deles, para seber de tanta coisa tem q ter uma permição, eu gosto de arcanjos estou em busca dos 7 céus( os 7 arcanjos de Deus ), mas n encontro vc pode me ajudar?

    ResponderExcluir